EXPEDIÇÃO BONITO 2018

INÍCIO DA EXPEDICAO

Guaramiranga-Ce.

Situado no Mato Grosso do Sul, Bonito é considerado uma das melhores opções de Ecoturismo do Brasil. Repleto de belezas naturais formadas por rios de águas cristalinas, cachoeiras, grutas e cavernas, Bonito é sem dúvidas um excelente destino para quem quer se divertir e ao mesmo tempo descansar. Nessa expedição, o Marco Zero foi a cidade serrana de Guaramiranga-Ce, onde temos o nosso refúgio, que foi carinhosamente batizado pela nossa Neta Júlia como “Cantinho da Paz"! Do clima ameno de Guaramiranga, também chamada de Suiça do Ceará, por apresentar uma temperatura média entre 16 e 22 graus, embora em julho possa baixar para até 12 graus, seguimos pelo Sertão do Inhamuns, palavra de origem indígena que significa “Irmão do Diabo”, onde o clima quente e seco é capaz de fritar o juízo de qualquer mortal! Foi nessa inóspita região do Sertão Central cearense, onde predomina a vegetação de Caatinga e a pluviosidade se assemelha a do Deserto do Atacama que por volta de 1708, a rica família Feitosa, vinda da Bacia do Rio São Francisco ali se instalou e deu início ao povoamento da região, que mais tarde deu origem a lendária cidade de COCOCI, que de um pequeno aglomerado, prosperou e se transformou num município com mais de 2.000 habitantes. Anos depois, por motivos que ainda não se sabe ao certo, esse mesmo município, foi aos poucos sendo abandonado pelos seus moradores e se transformou em uma cidade fantasma! Atualmente, só restam duas casas que ainda são habitadas por sete pessoas de duas famílias e a igreja que continua intacta entre as ruínas que sobraram da cidade. Toda essa atmosfera de mistério, ainda atrai alguns visitantes curiosos, historiadores e pesquisadores que caminham pelas ruas desertas da cidade abandonada, tentando entender a sua história. Ingressamos no estado do Piauí pela fronteira de litígio CE x PI, batizada jocosamente de “Faixa de Gaza do Nordeste”. Essa disputa que está sendo discutida no STF http://portalguaraciabanoticias.blogspot.com/2019/06/guaraciaba-do-norte-ira-pertencer-ao.html, remonta desde 1840, quando o Ceará cedeu parte do seu litoral para o Pi, que não tinha acesso  ao mar e em troca recebeu no sopé da Serra da Ibiapaba, o que hoje é o município de Crateús. Depois, alegando que a divisa não foi demarcada com a precisão devida, o Piauí passou a reivindicar uma área de 2.821 quilômetros quadrados, que corresponde a parte de 13 municípios fronteiriços.

RUMO AO PLANALTO CENTRAL

Saindo da "área de conflito”, seguimos pelo asfalto quente em direção ao Oeste da Bahia e pelo caminho, encontramos muitos flanboyants floridos que embelezam a estrada e com a sua sombra amenizam o calor na frente de algumas casas. Passamos pela cidade de Barreiras-Ba, que faz limite com o MA,TO e PI , conhecida como a Fronteira MATOPIBA, onde nas décadas de 80 e 90, esses rincões até então  abandonados e considerados os mais pobres e atrasados do Brasil, foram ocupados por levas de pequenos agricultores sulistas, atraídos pelo preço acessível das terras que naquela época eram consideradas improdutivas. Foi assim que em pleno Bioma do Cerrado, aqueles pequenos agricultores prosperaram e hoje tocam grandes fazendas  que se transformaram em empresas sólidas e altamente produtivas. Continuando pelo cerrado, entramos no estado de Goiás e chegamos na Capital Federal onde comemoramos com amigos e familiares o Natal e Révellion 2019. Na Capital Federal também acompanhamos a festa de posse do 38 Presidente da República federativa do Brasil Jair Bolsonaro. 

CHEGANDO EM BONITO-MS

Bonito-Ms.

Depois de alguns dias em Brasilia, o nosso próximo destino foi a cidade de Campo Grande-MS, onde passamos um final de semana. Chegamos num sábado ja no inicio da noite e fomos direto para o hotel. No domingo fomos conhecer o Parque das Nações Indígenas, que com seus 119 hectares é um dos maiores do mundo, dentro do perímetro urbano. Além de ser uma reserva ecológica natural, o parque foi totalmente urbanizado e possui uma excelente infraestrutura de lazer e para a prática de esportes. Existe um lago formado pelas águas do Riacho Prosa,  que compõe um belo cenário de onde as pessoas  se encontram para contemplar o por do sol. Vizinho ao Parque das Nacoēs, fica o Parque dos poderes, que abriga a administração do estado. Construído no meio da vegetação nativa do cerrado, nos finais de semana o parque é muito procurado por adeptos do ciclismo, cooper e caminhadas. Continuamos o nosso City Tour pela avenida Afonso Pena e cruzamos a “Cidade Morena” como é carinhosamente chamada a capital sul matogrossense, passando pelas suas principais praças, até chegar a Morada dos Baís, antiga residência da tradicional família de Bernardo Franco Baís, um dos ícones da cidade. Bais foi um imigrante italiano, que fez fortuna mascateando mercadorias transportada em lombo de burro. Possuidor de grande prestígio, quando da construção da ferrovia que ligava Mato Grosso a São Paulo, Baís reivindicou aos construtores da obra  e foi atendido, para que os trilhos passassem na frente do seu solar. Por ironia do destino, já velho e com problemas de audição, Baís morreu atropelado pelo trem que ele mesmo intercedeu para que passasse na frente do seu sobrado. Na segunda feira seguimos para Bonito que fica a 300 km do centro de Campo Grande. 

RESTAURANTE JUANITA-BONITO-MS

Pacu na Brasa-Restaurante Juanita.

A primeira dica para quem vai a Bonito, mesmo na baixa estação é contratar com antecedência todos os passeios pois as vezes, a cidade fica lotada, por conta dos muitos eventos educativos, convenções, e congressos,  classificados como Turismo de Negócios que acontecem o ano todo, aumentando a taxa de ocupação  na rede hoteleira e interferindo nos atrativos turísticos, mesmo sendo a cidade muito organizada e preparada para atender bem ao turista. Por isso, todos os passeios precisam ser fechados antecipadamente com uma agência. Os preços dos passeios são tabelados e não existem vendedores abordando as pessoas nas ruas. Os ingressos não  são  vendidos nos atrativos e o turista já tem que chegar nos locais a serem visitados, portando o seu voucher com dia e hora marcados. Como optamos por uma permanência de cinco dias e já estávamos com o nosso roteiro definido, fomos para o hotel organizar nossa bagagem e em seguida procurar a agência para retirar os voucher’s que usaríamos durante a nossa estadia. Na sequência, saímos para almoçar e conhecer um pouco da cidade. No centrinho e nas suas imediações, existem muitas lojas, lanchonetes e pelo menos dez  restaurantes muito bem avaliados e recomendados para todos os bolsos e gostos. Seguindo a recomendação do pessoal do hotel, optamos pelo Restaurante Juanita e na ocasião o nosso pedido foi o tradicional Pacu na Brasa, muito saboroso e bem servido. Como todos os passeios ficam fora da cidade, na maioria dos dias optamos por almoçar nos próprios atrativos, porém reservamos outro dia para almoçar no Restaurante Casa do João. O restaurante é famoso por dispor no seu cardápio das tradicionais comidas pantaneiras e o atrativo à parte é a sua decoração rústica com muita madeira e um bonito jardim. Anexo ao restaurante funciona uma espécie de armazém onde ficam expostas várias fotos de visitantes ilustres, peças antigas e são disponibilizadas para a venda várias trabalhos produzidas pelos artezãos locais. Embora o cardápio do restaurante seja bastante variado, preferimos não arriscar e optamos pelo carro chefe da casa que é a traíra sem espinha, também muito bem servida para duas pessoas. Nos dias que permanecemos na cidade, visitamos um total de oito atrativos que passaremos a descrever:

BOIA CROSS & PARQUE ECOLÓGICO

Boia Cross.

Este atrativo fica a 7km do centro de Bonito. O passeio começa com uma pequena trilha de Mata Ciliar às margens do Rio Formoso, dentro do Parque Ecológico. Depois, começa a descida de boia rio abaixo, nos estilo "Beach Park", passando por oito corredeiras, num total de 1.200m. Dependendo da intensidade da corredeira, a descida é feita individualmente ou em grupo. Na descida observamos alguns pássaros e para a nossa surpresa, nos deparamos com uma anta enorme que por alguns instantes, nadou na nossa frente, até encontrar um barranco por onde fugiu em disparada. Todos tem que se manter afastados do Capim Navalha, que brota na margem do rio e pode causar cortes nas mão de quem tentar se agarrar nas suas folhas afiadas. No final do passeio, caminhamos por uma trilha de aproximadamente 200 metros, até a sede da fazenda onde almoçamos, descansamos em um redairo e depois fomos para o lago que disponibiliza para os visitantes caiaques, pranchas de stand up paddlle e tirplesa. Ao final da tarde voltamos para o hotel e depois fomos passear pelo centrinho;

 

GRUTA DO LAGO AZUL & PARQUE DAS CACHOEIRAS

Gruta do Lago Azul.

Para esse passeio nos deslocamos por 21 km até chegar ao receptivo do atrativo, onde recebemos as orientações que deveríamos observar durante a visita. Depois seguimos por uma pequena trilha que só pode ser acessada na companhia de guias autorizados, até chegarmos na entrada da gruta, considerada uma das maiores cavidades inundadas do planeta. Por uma trilha lapidada na rocha, descemos aproximadamente 150 metros, fazendo algumas paradas para contemplar e tirar fotos das formações geológicas que remontam a milhares de anos. Ao final da descida, nos deparamos com o lago azul, onde ficamos por um bom tempo contemplando as suas aguas de tom azul turquesa. Dali retornamos para Bonito e depois seguimos por dezessete quilômetros até o Parque das Cachoeiras onde almoçamos. Depois de um breve descanso, seguimos por uma trilha onde tivemos acesso a pelo menos sete cachoeiras, com parada para banho nas corredeiras e piscinas naturais formadas pelo Rio Mimoso. No final do passeio caiu uma forte chuva que nos acompanhou até o nosso retorno ao hotel;

FLUTUAÇÃO NO AQUÁRIO NATURAL & BALNEÁRIO MUNICIPAL

Aquario Natural.

Mesmo com a forte chuva do final da tarde, que se prolongou pela madrugada, o dia amanheceu ensolarado, prometendo condições favoráveis para a atividade de flutuação. Logo depois do café, nos deslocamos por 7km até a Reserva Ecológica Baia Bonita. Antes de iniciar a flutuação, fizemos um treinamento na piscina para nos familiarizar com os equipamentos que iriamos usar. Depois caminhamos por uma trilha contemplativa de quatrocentos metros, até chegarmos a nascente que forma o Rio Baia Bonita, que mais adiante se junta aos Rios Formoso e Formosinho. Durante a flutuação que se estende por cerca de 800 metros, avistamos muitos cardumes de peixes e uma exuberante vegetação subaquática. A sensação que tivemos foi a de estar dentro de um aquário gigante! Não é preciso saber nadar. Basta ficar de barriga par baixo e sair boiando levado pela correnteza. Além do Aquário Encantado, a reserva ecológica coloca à disposição do visitante piscinas, restaurante e área de descanso. Para completar a programação do dias, fomos para o Balneário Municipal que fica a 6 km do centro de Bonito. O Balneário Municipal é muito frequentado pela população da cidade e de municípios vizinhos, que encontram alí uma opção de lazer de custo mais baixo. Alí o visitante pode mergulhar e flutuar livremente no Rio Formoso acompanhado por cardumes de Piraputangas, praticar alguns esportes, usar churrasqueiras e levar os seus próprios alimentos e bebidas, embora no local existam restaurantes e lanchonetes. Anexo ao balneário, tem um camping bem estruturado para receber até Motor Home de grande porte. Foi lá que encontramos o Tiago, um paranaense radicado no Ceará, que ali estava acampado no seu Motor Home super equipado. Nesse dia,  aproveitamos para almoçar no Restaurante Casa do João, sobre o qual já comentamos antes;

FLUTUAÇÃO DO RIO SUCURI & BALNEÁRIO PRAIA DA FIGUEIRA

Praia da Figueira.

Saindo do centro de Bonito, seguimos por 20km até a sede da Fazenda Sao Geraldo onde nos encontramos com o guia e outros turistas. Embora já tivéssemos feito a flutuação no Aquário Natural e lá já tivéssemos feito o treinamento, novamente tivemos que repeti-lo. Depois seguimos de “pau de arara” por quase dois quilômetros e por mais 400 metros de trilha a pé pela mata, até chegar ao píer onde se inicia a flutuação que tem cerca de 1.800 metros e termina quando o Rio Sucuri se encontra como Rio Formoso. A exemplo do que vimos na flutuação do Aquário Natural, a flutuação no Rio Sucuri também acontece em meio a uma vegetação de mata ciliar com alguns peixes e uma vegetação subaquática mais rala, sendo que em alguns pontos o destaque é a areia branca do leito do rio, onde existem troncos de arvores submersas, já em processo de petrificação. Neste rio, como a vegetação das suas margens é mais aberta, a incidência solar também é maior, o que aumenta a sua transparência em relação aos outros rios da região. Por essa peculiaridade, o Rio Sucuri já entrou por diversas vezes na lista de águas mais claras do mundo! A curiosidade é que, ao contrário do que muita gente pensa, o Rio Sucuri tem este nome, não por ter Cobras Sucuri em suas águas, mas sim porque visto do alto, ele se assemelha ao formato de uma Cobra Sucuri;

-PRAIA DA FIGUEIRA: Nesse atrativo que fica a 14 km da cidade, encontramos um balneário cuja principal atração é uma imensa lagoa que teve a sua formação a partir de uma antiga extração de calcário, razão pela qual as suas aguas são cristalinas. Em uma das margens da lagoa tem uma praia de águas rasas repletas de peixe e vários quiosques de sapê dentro e fora d’água, bem no estilo Alter do Chão-Pa. Foi nessa lagoa que resolvemos praticar um pouco de stand up paddle, e fomos surpreendidos por uma forte ventania que nos empurrou para bem longe da praia. Depois de lutar muito contra o vento eu consegui retornar. Já a Carmen abandonou a prancha e foi resgatada pelo pessoal de apoio. O balneário recebe esse nome por conta de uma enorme figueira que dá sombra para um redário onde as pessoas vão denscansar;

CACHOEIRAS DO RIO DO PEIXE

Cachoeiras do Rio do Peixe.

Esse atrativo fica a 35 km de Bonito, sentido Bodoquena. O passeio que é um misto de trilhas e cachoeiras é feito em duas etapas. Uma na parte da manhã e outra na parte da tarde,  num percurso aproximado de 2km de caminhada pela mata ciliar, com sete paradas para banho com peixes, tirolesa, plataforma para saltos e muita contemplação da natureza. No final do passeio matinal, o grupo volta para a sede da Fazenda do Rio do Peixe, onde é servido um típico almoço pantaneiro, com uma grande variedade de pratos, saladas e doces artesanais. Após o almoço, fomos descansar um pouco no redário e depois passamos a interagir com os macacos e araras que vivem na fazenda. Fechamos a tarde na fazenda com mais um km de trilhas, passando por três pontos de banho e duas cachoeiras;

DESPEDIDA DE BONITO & FAZENDA SAN FRANCISCO

Bar Taboa.

Nos despedimos de Bonito com um Happy hour no Bar Taboa, um point muito famoso e descontraído da cidade, onde nas suas paredes e mesas, as pessoas que já passaram por lá deixam a sua assinatura e uma mensagem. Foi lá que comemoramos 39 anos de casados e também deixamos o nosso registro. 

Continuando a nossa Expedição, resolvemos conhecer a rotina de uma fazenda produtiva em pleno pantanal, que além do agronegócio, também agrega o  agroturísmo, muito comum na Europa e também na nossa vizinha Argentina. Aos poucos, essa atividade vem ganhando força no Brasil, e muitas fazendas do pantanal já operam nessa modalidade. O local escolhido foi a cidade de Miranda distante 130 km de Bonito, onde fica a Fazenda San Francisco. Através da agência de turismo que nos dava assessoria, adquirimos um pacote Day Use e saímos cedo de Bonito, para as oito da manhã nos encontrar na sede da fazenda com os outros visitantes que partiram de Bonito em uma Van e também em carros de passeio. Quando estávamos todos reunidos, a guia fez um rápido briefing e em seguida embarcamos em um caminhão adaptado que percorreu a fazenda em um tur chamado Safari Fotográfico. Passamos por campos dentro da fazenda, cultivados com arroz e soja, que junto a pecuária e ao turismo, são as suas atividades principais. A cada bicho avistado, a guia parava o caminhão e fazia um breve comentário sobre os seus hábitos. Durante o safari avistamos animais nativos como Capivaras, Tuiuiús, Jacarés, Cervos-do-Pantanal, Carcarás, Garças, Tamanduá Bandeira,  Corujas e várias espécies de pássaros. Em um determinado ponto do safari, todos desceram do caminhão e fizemos uma trilha, beirando o Corixo São Domingos que é formado por um canal natural, ligando um grande lago ao ao Rio Miranda. Um turista boliviano que nos acompanhava no passeio, me relatou que no ano passado, um outro grupo no qual ele estava, foi seguido de perto por uma onça. A princípio desconfiei do relato mas a guia que nos acompanhava, falou que era ela que acompanhava o grupo e confirmou a história. No final da trilha existe um mirante contemplativo, com vista para a imensidão da fazenda. Depois desse passeio, voltamos para a sede da fazenda, onde foi servido um farto almoço pantaneiro, e uma sobremesa acompanhada de sucos e doces caseiros. No intervalo para o passeio da tarde, tivemos tempo para uma siesta, que pode acontecer na área da piscina, no redário ou na varanda do casarão da fazenda, por onde circulam papagaios, araras, emas, capivaras e carcarás. Depois, embarcamos no caminhão e posteriormente na chalana para um passeio no Corixo São Domingos, apreciando a fauna local e os pássaros. PS: Corixos são canais naturais que se formam em épocas de chuva e ligam lagoas, baias, alagados, etc, aos rios próximos que por sua vez desaguam em rios maiores. Em um determinado ponto do passeio, a chalana faz uma parada para a pesca artesanal das temidas piranhas. Depois, essas mesmas piranhas, vão virar lanche para garças, gaviões e jacarés, que se aproximam da chalana ao comando dos guias. Esse momento é uma atração a parte e não é anunciado previamente pelo guia. Já na volta, o guia teve que aumentar a velocidade da chalana para retornarmos ao píer pois um dos passageiros passou mal devido o forte calor. O passeio terminou com um Happy-hour, onde um lanche é servido embaixo de arvores, no terreiro da fazenda. Dalí, caímos na estrada e rodamos por 30 km até a cidade de Miranda-Ms, onde pernoitamos.

PARQUE NACIONAL DAS EMAS

Parque Nacional das Emas.

Na manhã do dia seguinte, seguimos na direção do estado de Goias, para conhecer o Parque Nacional das Emas, que também faz limite com o Mato Grosso do Sul. O parque Nacional das Emas é uma das poucas Unidades de Conservação que ainda se apresenta intacta, nas diversas formas de bioma do cerrado no Estado de Goiás. Alí estão preservados vegetação formados por campos limpos, campos sujos, veredas e matas ciliares. Embora no site oficial do ICMBio, não conste o horário de visitação, vimos em alguns sites informativos que a visitação acontece diariamente (inclusive domingos e feriados) das 8:00 às 12:00 e das 14:00 às 18:00 hs, sendo que no período de bioluminescência, que é a produção de luz por organismos vivos, que no caso do Parque das Emas são os vagalumes, a visitação vai até as 21:00 hs. Para a nossa surpresa, ao chegarmos na portaria, por volta de 16:00 hs, o parque já estava fechado. Fizemos algumas fotos e seguimos viagem para pernoitar na cidade de Rio Verde-Go. Na manhã do dia seguinte passamos por Goiânia e paramos por mais alguns dias em Brasilia. 

PARQUE ESTADUAL TERRA RONCA-PETER

Parque Estadual Terra Ronca.

Dali, já fazendo o caminho de volta, fomos conhecer o Parque Estadual Terra Ronca, também conhecido como PETER, que fica no Estado de Goiás, a 400 km de Brasilia. O parque, abriga cerca de 200 cavernas e é considerado um  dos maiores complexos de cavernas do mundo e o maior da América do Sul. O nome Terra Ronca que é atribuído ao parque, foi dado por conta do Rio Lapa, que desce da Serra Geral e atravessa por quase 6km, as entranhas das Cavernas Terra Ronca I e II, e em alguns pontos despenca formando barulhentas cachoeiras que produzem ruídos semelhantes a um forte ronco. Fizemos um roteiro de dois dias e escolhemos ficar na Pousada Terra Ronca, dentrode uma pequena fazenda na área rural do Município de São Domingos, a apenas 1km da entrada da Caverna Terra Ronca I. A pousada é simples porém muito aconchegante, dispõe de serviço de guia que é feito pelo experiente Sr. Osmar, nascido e criado na região. A sua esposa Da. Roseli, administra a pousada e cuida da cozinha onde são preparadas as três refeições que estão incluídas nas diárias. Chegamos na pousada no início da tarde e depois do almoço, fomos de bike até a entrada da Caverna Terra Ronca I, cuja “boca” de 96m de altura por 120m de largura, que dá acesso ao salão principal, impressiona pela sua grandiosidade. Na entrada da caverna existe um pequeno santuário que recebe anualmente uma das mais importantes manifestações culturais e religiosas da região, chamada de Romaria do Bom Jesus da Lapa de Terra Ronca, que acontece nos dias 5 e 6 de agosto. Entramos na caverna e fomos caminhando pelo leito seco e pedregoso do Rio da Lapa, até onde a luz do sol nos permitia enxergar e é permitido entrar sem guia. Tomamos um banho relaxante no Rio da Lapa e depois retornamos para a pousada.

CAVERNA TERRA RONCA I

Caverna Terra Ronca I.

Na manhã do dia seguinte, refizemos o mesmo caminho, dessa vez a pé e já na companhia do nosso guia Osmar, para explorar o interior da Caverna Terra Ronca I. Na verdade, as Cavernas Terra Ronca I e II, formavam uma única caverna que foram separadas há milhares de anos atrás, por um forte desmoronamento, que causou a sua divisão em duas partes. Por volta das 9:00 horas, iniciamos o nosso caminho no interior da caverna, cujas galerias foram esculpidas pela natureza ao longo de mais de 600 milhões de anos. Primeiro, nos deparamos no salão principal ainda iluminado pela luz natural, com algumas formações que lembram animais, imagens sacras, e outras várias formas de esculturas que gradativamente vão se revelando de acordo com a nossa imaginação. Depois, os caminhos subterrâneos vão ficando completamente escuros, e a sua visualização só é possível com o uso de lanternas. Em boa parte do percurso, o Rio da Lapa corre calmo e chega até a nossa cintura. Pelas galerias totalmente escuras, a luz artificial das nossas lanternas, passa a revelar cenários surreais formados por frágeis estruturas que se originam a partir do gotejamento d’água que ocorre tanto de cima para baixo (estalactites), como de baixo para cima (estalagmites), dando origem a verdadeiras esculturas que são chamadas de espeleotemas. O processo de crescimento dessas formações minerais que ocorrem no interior das cavernas, variam entre 0,01mm a 3mm por ano. Da mesma forma que ficamos encantados com a fragilidade dessas formações, também nos chamou atenção os grandes troncos de arvores que são arremessados com violência nas partes mais altas da caverna pela força da água nas épocas de cheia. Por isso, um guia experiente, antes de iniciar um passeio, precisa ficar atento ao que acontece do lado de fora da caverna, como por exemplo, a possibilidade de uma chuva forte, capaz de influenciar diretamente o fluxo de águas subterrâneas no interior de uma caverna inundável, como aconteceu na Tailândia com 12 garotos mais o treinador do time de futebol Javalis Selvagens, que ficaram presos por nove dias, até serem salvos em uma operação de resgate extremamente arriscada que chamou a atençao do mundo. Chegamos na outra extremidade da caverna e passamos a percorrer um pequeno vale que também lembra um Canyon, formado pelo Rio da Lapa. Tomamos banho e depois continuamos por uma trilha na mata, até chegar ao alto da caverna, de onde podemos contemplar uma surpreendente vista da região. Voltamos caminhando pela estrada até a pousada e depois do almoço fomos conhecer a a Cachoeira Palmeiras. 

CACHOEIRA PALMEIRAS

Cachoeira Palmeiras.

Cachoeira Palmeiras, fica em uma propriedade particular, que cobra uma pequena taxa pelo acesso de cada visitante. Esse passeio pode até ser feito sem guia. No local existe duas quedas d’água, sendo a mais volumosa, com aproximadamente quatro metros de altura e a segunda, mais forte e volumosa, com aproximadamente oito metros. Na primeira queda, que possui um grande batente, existe um poço raso em suas extremidades, com água cristalina na temperatura ideal para amenizar o forte calor do cerrado. Depois de um banho revigorante, retornamos para a pousada e depois do jantar, no silêncio da noite dormimos o “sono dos justos” , nos preparando para no dia seguinte, prosseguirmos com o nosso roteiro. Choveu bastante na madrugada mas uma manhã ensolarada, nos animou para a nossa visita a Caverna Angélica, que com 14km de extensão é considerada a quarta maior do Brasil. 

CAVERNA ANGELICA

Caverna Angélica.

Seguimos pela estrada barrenta, com muitas poças d’água que encobriam alguns buracos camuflados pela lama da terra encharcada. Antes do acesso a caverna, paramos em um mirante de madeira que fica próximo do Povoado Sao João, de onde podemos contemplar uma vista em 360 graus de toda extensão do parque. Para chegar na caverna que fica em uma propriedade privada, deixamos a estrada principal e seguimos por uma estreita vereda, passando por várias porteiras, até chegar na casa de um dos proprietários das terras que mora nas suas imediações, e controla o acesso a caverna, cobrando uma pequena taxa de R$ 5,00 por cada visitante. Na entrada da caverna, existe um grande salão com piso de areia fina, onde algumas pessoas chegam inclusive a pernoitar, pois o Rio Angélica, que corre no seu interior é bastante calmo, mesmo nos períodos de cheia. Adentramos na caverna, caminhando tranquilamente pelo leito raso do rio, que em algumas partes são tomados por bancos de areia. É como se estivéssemos caminhando na areia da praia. Logo de cara a grandiosidade dos salões é impressionante! A medida que vamos entrando nas suas galerias a escuridão passa a ser total. Fica impossível seguir caminho sem se perder pelas suas entranhas escorregadias e pelo teto em alguns pontos muito baixo, se não for na companhia de um guia experiente e  com a ajuda da luz artificial de uma boa lanterna. Mas tudo isso  é compensado pela grandiosidade dos salões naturais, cortinas e esculturas milenares simplesmente indescritíveis. No meio dessa escuridão, que há milhões de anos já foi o fundo do mar, conseguimos ver, além de morcegos, duas criaturas estranhas que ali sobrevivem. São os “bagres cegos” , que pela total ausência de luz, ficaram albinos e sem enxergar. O outro ser vivo é uma especie de aranha, chamada cientificamente de Amblipígios, que apesar da sua aparência sinistra não é considerada perigosa. Concluímos a visita e retornamos ao hotel, antes passando por um outro mirante no lado oposto da estrada, cujo estado de conservação está bastante comprometido e nele achamos por bem não subir. De volta a pousada, acessamos a internet para fazer contato com a família, e depois fomos cumprir a última etapa do nosso roteiro que foi a Cachoeira São Bernardo. A Cachoeira São Bernardo, possui uma só queda d’água de aproximadamente quatro metros, que forma um grande poço para banho. Essa cachoeira está fora do PETER, e fica em uma propriedade particular que cobra uma taxa de R$ 10,00 por cada carro que acessa ao local. A cachoeira é muito boa para banho, mas ficamos lá por pouco tempo, por conta da quantidade de carros com som muito alto e muitas pessoas consumindo bebidas alcoólicas. Voltamos para a pousada e começamos a preparar as nossas bagagens para pegar a estrada na manhã do dia seguinte. 

DESPEDIDA DA ROTA DAS CAVERNAS

Vista do PETER.

De volta pra casa, depois de quatro dias seguindo a Rota das Cavernas, deixamos o PETER através do portal situado no lado oposto pelo qual chegamos, com  a sensação de termos realizado uma viagem literalmente pela “TERRA ADENTRO”! Foi como se estivéssemos chegado a um outro mundo! São essas as lembranças que trouxemos de mais essa Expedição pelo Brasil, que agora compartilhamos com vocês e certamente ficarão, como diz o poeta "grudadas para sempre nas nossas mentes feito tatuagem"! Para nós, são essas aventuras que fazem a vida valer a pena!  

Um grande abraço!!!
Mario & Carmen

Nilo José de Melo Filho 29.03.2019 19:39

Mário e Cármen, excelente passeio. Muito boa dica para os futuros viajantes à Bonito. Meus parabéns.

Mario Lima 30.03.2019 13:27

Brigado amigo Nilo. Grande abraço!

Comentários recentes

12.10 | 14:09

Brigado Ronaldo Salles. Grande abraço!

08.10 | 16:47

Maravilha de relato... Expedição fantástica !! Melhor ainda por que foi com esse icônico carro, Defender é símbolo de liberdade e aventura. Abraços de Landeir

27.04 | 22:41

Brigado Lelei. Um dia voltaremos! Grande abraço!👍

27.04 | 22:28

Que bacana..Parabéns..Quando quiserem Voltar estou a disposição. Abraço